A Importância da Representatividade de PCD’s no Cinema

fotografia de Isaac e Maeve, da série Sex Education, da Netflix. 
Eles estão com as testas coladas e se olham nos olhos. 
Isaac é um jovem de aproximadamente 22 anos. Ele é branco, tem os cabelos castanhos, olhos verdes, nariz arrebitado, boca vermelha e carnuda e uma leve barba, que dá um charme e um ar mais maduro ao personagem. 
Maeve é uma jovem de 18 anos. Ela é branca, tem o cabelo preto e liso, na altura do ombro. Seus olhos são castanhos, o nariz afilado e os lábios levemente carnudos. O seu visual é gótico, com olhos pintados, as pontas do cabelo coloridas e as unhas pretas.
Isaac e Maeve, da série Sex Education da Netflix.

O cinema é arte, moda, comportamento, informação e muito mais. Mesmo que não tenhamos consciência, o cinema tem impacto direto sobre nossas vidas, nossa maneira de falar, de vestir e de agir.

Incluir pessoas com deficiência nesse universo contribui para uma melhor compreensão das deficiências e a consequente quebra de preconceitos.

Esses dias eu assisti uma série da Netflix, e uma cena, que me deixou bastante comovida, me mostrou claramente como a representatividade é importante.

*Aviso de spoilers

Na série Sex Education, o ator @Georgerossrobinson, que é tetraplégico (sem movimentos abaixo do pescoço), interpreta Isaac, que foi o grande vilão da segunda temporada.

Nessa 3a temporada, Isaac se aproxima de Maeve e os dois se conectam novamente.

No episódio 4, depois que Isaac se desculpa, o clima entre os dois esquenta, eles se beijam e então Isaac pergunta se Maeve quer saber o que ele pode sentir. Ela diz que sim e numa das cenas mais impactantes de toda a série, Maeve descobre (ao mesmo tempo que todos nós) como se processa a estimulação de Isaac, à medida que ele mesmo vai explicando o funcionamento do seu corpo.

É nesse clima delicado, e muito sensível, que Maeve, o beija na boca novamente. Eles encostam as testas e se entreolham com carinho e desejo. Ela o acaricia no peito, senta em seu colo e toca seu rosto delicadamente. Tudo isso regado a beijos molhados e muito olho no olho. Os corpos ficam tão coladinhos que dá pra sentir o calor e a magia do momento.

Foi uma cena envolvente e muito emocionante, que deu à vida amorosa dos personagens (e das pessoas) com deficiência o respeito que elas merecem.

Tenho certeza que esse resultado só foi alcançado porque o próprio ator é uma pessoa com deficiência. Ninguém melhor do que ele mesmo para mostrar como essa dinâmica acontece. Isso que é representatividade; ela é muito importante pois ajuda a desmistificar o funcionamento da intimidade das PCDs e os estereótipos e preconceitos que existem a esse respeito.

Infelizmente a série ainda não está disponível com audiodescrição. Mas espero, sinceramente, que não demore para que o recurso seja disponibilizado. O impacto das mensagens que essas cenas transmitem é muito significativo para a sociedade como um todo. Não é justo que o público cego seja privado desse acesso.

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